domingo, 30 de dezembro de 2012

O cigarro sexual.


Ela era fofa e boa de cama ou pelo menos tentava com seu jeito desengonçado. É verdade que por vezes, levava um tempo para conseguirem arrancar dela aquela transparência nos lençóis, mas em outras, estava dada desde o começo.
Gostava de deixar marcas, não somente corpóreas. Não para ser vulgar, mas para ser uma boa lembrança.
Gostava de bancar a ingênua e também ser a mestra do sexo ou do amor. Porque o sexo tem essas ramificações. A selvageria, a doçura, o engolir o outro e depois soltá-lo como a fumaça de um cigarro que é tragado até o filtro.
Hoje estava assim. Hoje não era amor, não era sexo, era o sentir o outro, ser conduzida por poucas palavras e depois despejar seu íntimo em alguém.
Quem ela podia escolher?
Tinha tantos candidatos para aquele contato e quem queria não estava disponível. Escolhera a xícara de café e o cigarro de sua carteira quase vazia. Seus três anéis descombinados, caracterizando sua mão trêmula. Seu cabelo sujo, suas meias folgadas, a blusa masculina relaxada sob o sutiã preto de ontem e o som rasgado de Aerosmith no discman, tornavam nítida a desistência, o descuido consigo por não poder ter quem/quê queria.
Embriagou-se. Estava derramando o café nos seus papéis. Destruindo de maneira violenta, as coisas que tinha e que lhe davam excitação. Davam-lhe motivos para desejá-lo.
Com a mão ainda inquieta e o coração chorando desejo, cortava ele das fotografias. Ele, o cara das vontades. O estúpido que roubara suas aspirações mais sacanas.
Ela queria sacanagem, queria apanhar, rasgar o corpo dele e depois de quase devorá-lo, tomar banho ao seu lado e sentir a água derramar amor sob suas almas.
Não gostava de masturbação. Achava ruim transar consigo mesma. Até esse dia, em que o gosto dele enganava seu paladar e que seu tato não alcançava o seu alguém.
Masturbou-se. E agora estava apaixonada por si. Fazia “amor próprio” e atacava sexualmente seus potenciais lances da madrugada.
Amou-se. Para “sexuar” outro alguém.

domingo, 2 de dezembro de 2012

Um, dois, nós.


Para nosso bem.
A mente trabalha em construções constantes. Por vezes independente de nossas vontades racionais. 
Não poder gerenciar esse trabalho é estar à mercê da paixão de nossos pensamentos.  
Já não me cabe dizer que é um desejo me afastar de você, que é um desejo olhar para o que vivemos e enxergar a precipitação de duas almas profanas.
Eu só consigo ver o quão promissor nós parecíamos, quanta felicidade chegou até mim, quando me vi envolvida por você.
Hei de aguardar o dia em que poderá reconstruir nossos dias comigo.
Hei de esperar seu coração transbordar a paz, para desbravarmos outro caos.
Hei de almejar suas vitórias, sozinho, para que seu caráter se fortaleça ainda mais.
Enquanto ambiciono o sucesso de sua construção individual, me fortaleço daqui para ser merecedora de sua afeição.
Aí, quem sabe criemos uma fortaleza para nossos próximos,
Aí, quem sabe sejamos educadores um do outro,
Quem sabe sejamos um, dois, nós.


"Você é o motivo que eu dou quando eu não aguento e choro"
Angel - Aerosmith 

Devaneios de outra hora.

Devaneio I

Querer mergulhar no infinito e me afogar no céu. 
Ter momentos de nostalgia e me perder no presente.
Ser o ontem e o amanhã e o hoje? Talvez.
Não quero controlar o que eu sou agora, pensar no que já está firme. 
Quero me apegar ao que há de vir e como vou estar quando o futuro chegar. 
A mudança tem que ser ocasionada por mim.
Ser sempre pré, nunca pós. 

Bruna Tavares.

Devaneio II

A razão grita que precisa de seu silêncio emocional e sua alma grita que precisa do seu sentir. 
É tanto eco.
É pouco corpo.

Bruna Tavares.

Devaneio III

Minha paz está no caos.
A serenidade precisa sucumbir em alguns momentos.
É preciso LOUCURA nas veias.
É preciso queimar, pra conhecer o alívio do frescor. 
É preciso se embebedar, pra saber ser sóbrio. 
Viver os extremos, para desvendar o segredo do equilíbrio. 

Bruna Tavares.

Devaneio IV

É durante a noite, que protestamos.
É durante a noite, que somos mais nós mesmos.

Bruna Tavares.

Devaneio V

Algumas fotografias jamais deixarão você escapar,
você me falta e enlouqueço de medo, 
você não me aquece mais e meu corpo perde o caos,
você fugiu, 
estou fria.


Bruna Tavares.

Devaneio VI

É tão bom sentir nosso calor,
perceber que você não deixou nossa flor morrer,
que seu afeto tem sempre uma forma de me ver,
de saber o que precisamos.
Não sei quanto tempo durará este sempre, 
mas hei de ser constante até o fim. 

Bruna Tavares.