sábado, 18 de junho de 2011

Mais de um ano depois.

É uma falta incalculável, um sentimento que destrói todas as muralhas do coração criadas por mim, que arromba todas as portas que eu tranquei pra que você não estivesse presente nem em pensamento. E sob efeito da overdose de notas musicais, sob efeito dos “menus” de filmes, do perfume ardente da comida de casa, eu caminho e tropeço sempre na mesma fase de minha vida. Aquela fase em que o Sol era sempre visto, ainda que por trás das gotas de chuva, aquela fase em que a luz dele refletia na Lua e a trazia para mais perto, ainda que fosse nova.
Era um vínculo, uma ligação que ultrapassava os limites do real, era como se tivéssemos pressa de mostrar ao outro que éramos mais do que mostrávamos ao resto do mundo. Era como a sede incontestável do deserto. E em todas as vezes que nos demos às mãos, elas dançavam a caminho uma da outra, era um toque ensaiado, coisa que elas escondiam de nós.
Foi ruim ter que deixar isso de lado, foi horrível e doloroso ter que lhe deixar em páginas passadas. Mas você escolheu ficar por lá, você escolheu e me torturou até que eu fizesse a mesma escolha que você.
Você está indo embora de verdade só agora, parece que você só agora soltou a maçaneta. É como se você tivesse se escondido, me feito contar o tempo em que esteve fora. Me feito ser tola, esperando sua correria na direção do nosso ponto marcado e não apareceu. Escondeu-se e só agora eu vi que é pra sempre.

quinta-feira, 16 de junho de 2011

Suspiro do descaso.

Todo texto é um fracasso.
Todo medo é descaso.
Toda poeira é marca do tempo.

Tudo que se faz,
Nada que comprometa.
Tudo que falha, nada de não tentar.

A sede de escrever.
A mania desgostosa de acreditar.
A forma sedentária do ser.
A falta de sensibilidade para amar.

O medo de mudar o rumo.
O desejo de desaparecer.
A coragem de enfrentar tudo.
A audácia de continuar existindo.