sexta-feira, 2 de setembro de 2011

Intermitência.



“A sede de ser completo deixou-me neste estado de mágoa inútil.”
(Fernando Pessoa)

O cansaço fazendo uso de meu ser pra estar presente na vida de alguém. Usando minha face pra transparecer sua agonia. Que frustração é essa que me afugenta oportunidades? Que me calçam os sapatos e acorrenta meus pés?
Tenho estado preocupada, com esta minha capacidade de desprendimento e minha consciência me acusa constantemente por isso. Por não criar vínculos, por não ter constituído muitos laços firmes que usem o tempo tão somente para fortalecimento.
Por vezes as idéias de outros sobre mim parecem tão necessárias, noutras é como se não precisasse disso pra me retratar, acho que isso varia mesmo é com a opinião dessa determinada pessoa. É difícil considerar coisas que machucam nosso ego como apenas auxílio evolutivo.
Minha infância gritante surge mostrando a idéia que tem sobre o que realmente sou. Um abandono. O abandono de coisas que me traziam bem e que me tornavam mais madura do que sou hoje. Há um resgate sempre bom quando isso acontece. Afinal não existe fase em que abusamos mais de sinceridade que esta.
Poderia não sentir. Dessentir. Desistir. Até escrever tem sido difícil, zilhões de idéias que passam a não caber no mesmo texto, que vem tão rápido e voltam com mesma velocidade para o infinito espaço inconsciente de mim.
Infinito inconsciente, espaço distante de mim.
O problema é que as vezes sinto que não me sinto.